Alexandre Herculano

· Library of Alexandria · Narrado por IA por Patricia (da Google)
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Pontifice das lettras, Alexandre Herculano não teve, como muitos, a benevolencia, a fraqueza, uma cynica bondade de confundir os mediocres e os de talento; e perseguiu com o seu rancor todos os que a inutilidade levantara, elevados pela politica, pela camaradice, pela intriga. Foi um amarguroso e um triste. Por despeito? por tedio da sua epoca? por cançaço do seu espirito! Interrogações irrespondiveis, antes de se analysarem as causas que levantaram este homem á imminencia, d'onde nunca cahiu, e d'onde tanta vez lançou sobre o seu tempo os threnos e as maldições d'um propheta que não pede perdão para a miseria humana, antes invoca a colera de Deus sobre as velhas cidades corrompidas. Ezequiel d'uma epoca indigna de historia, só começou a rugir, não por mando de Jehovah, mas depois de conhecer os homens e de se ter entediado d'elles. O seu temperamento soturno, a sua mente convulsiva, o seu caracter d'uma rectidão, tão inabalavel, tão egoista--que hoje nos chega a parecer estudada--eram o producto d'uma hereditariedade que nunca se desmentiu e lhe deu esse bello cunho de portuguez, inquebrantavel e forte.

Aos vinte annos, viu-se obrigado, por uma revolta militar do corpo a que pertencia, a refugiar-se no estrangeiro, por onde pairou algum tempo, visitando a Inglaterra e a França. Não sei se foi decisiva para a sua vocação essa viagem; o estado em que então se encontrava a Europa pode fazel-o crer. Uma outra era abria-se aos espiritos inquietos e convulsionarios. As nações, que durante quarenta annos se tinham agitado em guerras terriveis, nas epicas campanhas de Bonaparte, nas guerrilhas da Italia, na politica da Austria, sentiam a necessidade de pacificar-se. Começou pois a revolução na arte.

O inquieto Chateaubriand e o desesperante Byron tinham feito as suas obras no meio das agitações d'essa Europa, de que elles invocaram o passado, poetisando-o com as saudosas melancolias que desperta em todas as mentes doloridas. Na Allemanha Goethe e os irmãos Schlegels, Leopardi na Italia, cunhavam os seus escriptos com esse desespero de descontentes, de sempre tristes. O sol das batalhas apagara-se em Santa Helena ao mesmo tempo que o sol da poesia expirava ao avistar a Grecia, que ia libertar. Bonaparte e Byron foram os deuses d'essa geração; e, para completar a trindade, poder-se-hia juntar-lhe Leopardi. Mas o poeta do Amor e da Morte, o atheu sem esperança, o heroico resignado, não teve a influencia dos dois primeiros, nem a quiz. O vencedor de Marengo e o poeta de Manfredo, convulsivos e desesperados, tiveram o enthusiasmo e a acção; o triste que escreveu essa admiravel elegia ao Passaro Solitario, em nada acreditava, senão na inutilidade da vida e no repouso da morte. Não era portanto um guia que escolhessem os que viam a existencia mais complicadamente.

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