Elia de Gareth: As Crônicas de Nightglen

Procuraram restringir-me, domar-me como uma besta ferida poderia ser subjugada e quebrada. Porém, rapidamente aprenderam que eu era uma criatura selvagem, um corcel indomável galopando pelos pastos verdes da vida, sempre em busca de reinos além das cercas da convenção.

Habitei nas margens plácidas de uma nova época, fugindo do destino e audaciosamente confrontando a mão caprichosa do acaso, trilhando um caminho incerto e repleto de dúvidas.

Sob o olhar crítico dos fantoches, desfilei no palco das vãs opiniões, desafiando as normas enferrujadas de uma sociedade mergulhada na antiguidade. Contra as tradições obsoletas, mantive-me firme, inscrevendo meu nome no subconsciente de uma burguesia satisfeita em permanecer empoeirada e serena enquanto todo o reino definhava.

No entanto, eu não estava sozinha. O reino era vasto, composto de muitos reinos, e dentro dele, outros jovens compartilhavam meu propósito, prontos para defender suas parcelas de terra e lutar por um futuro mais brilhante.

Após quarenta invernos, estou preparada para contar um conto tão extraordinário que nunca poderia ter me imaginado aqui, agora!

A vida me conduziu por caminhos que jamais imaginei trilhar. Agora, esforço-me para entender como navegar pelos decretos da sociedade, outrora estranhos aos meus pensamentos. Como narrar esta história intricada, quando até eu luto para compreendê-la plenamente?

Abandonei meu conforto, mergulhando de cabeça numa paixão tempestuosa. A sensação era intensa, semelhante ao sopro ardente de um dragão—algo tanto abrasador quanto avassalador. Neste turbilhão, encontrei alguém que transformou minha vida.

Essa pessoa era um enigma encarnado, capaz de despertar em mim sentimentos tanto de prazer quanto de dor. Nosso amor era profundo, abalando o próprio chão sob nossos pés.

Por um tempo, acreditei que havíamos descoberto uma maneira de escapar das regras e tradições que nos aprisionavam, imaginando que poderíamos permanecer juntos eternamente. Mas, inevitavelmente, a realidade se impôs. Famílias, tradições e todas as convenções sociais se ergueram contra nós e nos separaram.

Foi como se o mundo tivesse sido virado de cabeça para baixo. Ele desapareceu sem sequer um adeus, e eu fiquei, sozinha, tentando juntar os pedaços do que restou.

Temo que esta história possa se repetir, mas, ao mesmo tempo, percebo que o que vivemos me tornou mais forte para enfrentar o futuro.

Agora, sigo meu caminho, carregando a sensação de que ele observa de longe. Entendo que preciso trilhar este percurso sozinha para verdadeiramente descobrir quem sou.

Nossa história é repleta de altos e baixos, tão genuína quanto a vida sem adornos. Houve momentos gloriosos e outros menos agradáveis, mas, no fim das contas, é o amor que persiste.

Apesar de tudo, de alguma forma, permanecemos conectados. É como se o que vivemos transcendesse o tempo e o espaço.

E assim, nossa história de amor ensinou-me lições inestimáveis sobre a vida. Após todas as provações, aprendi a amar verdadeiramente. E isso, por si só, faz com que tudo tenha valido a pena.