A Viuvinha

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Um þessa rafbók

Romance de leitura agradável, leitura que faz prisioneiros. Não concordamos com a a opinião do autor que diz ser o “romance” uma pequena história de amor. O texto é instigante, transformador de conceitos, acreditamos que essa leitura passará aos milênios, e continuará contribuindo na formação de leitores. Na verdade, no conceito de Literatura está embutida a sobrevivência da escrita e “A viuvinha” (1860) de José Martiniano de Alencar (1/05/1929 a 12/12/1877) tem todos os ingredientes para sobreviver. Podemos incluir a obra juntamente com Diva, Lucíola e Senhora como romance urbano, sendo ambientado no Segundo Reinado Brasileiro (1831 – 1889), e narrado na Cidade do Rio de Janeiro (Morro de Santa Teresa, Bairro da Glória, Rua do Ouvidor, Rua do Sabão, Rua da Lapa, etc.). Seus personagens principais possuem nomes fictícios, isto é, fantasiosos, imaginários, Jorge da Silva, para o herói romântico, que depois de muitas trapalhadas, recupera o raciocínio e vai à procura de sua amada e Carolina (mocinha sonhadora, romântica, fiel e casadoira) e, como todo romance romântico, depois de muitas aventuras (e desventuras), as personagens principais, terminam em seu happy end. Alencar, como em grande parte de sua obra, é maravilhosamente descritivo, detalhista em seus ambientes e paisagens. A alma do romance é bem simples: Jorge da Silva herda a fortuna de seu pai e vive por três anos uma vida dissoluta e destrói um patrimônio de duzentos contos de réis (guardada a devida proporção, seria como se uma pessoa, atualmente, gastasse no mesmo espaço de tempo a soma de duzentos mil reais), até que um dia descobre-se falido, endividado e totalmente pobre, isto é, desprovido de mínimos recursos (fato comunicado por seu tutor e amigo, o Sr. Almeida). Para sua infelicidade maior, está de casamento marcado com a jovem e bela Carolina, menina de aproximadamente uns quinze anos, bela e faceira, olhos castanhos e expressivos (“A viuvinha” que nomeia o romance) para não manchar-lhe a honra, casa-se com ela, mas na noite de núpcias embebeda, com licor e algumas gotas de ópio, a jovem esposa e foge, com intuito de suicídio, pouco tempo depois é encontrado nas construções da Santa Casa de Misericórdia um cadáver desfigurado e com o seguinte bilhete dentro de uma carteira no bolso da sobrecasaca: Peço a quem achar o meu corpo o faça enterrar imediatamente, a fim de poupar à minha mulher e aos meus amigos esse horrível espetáculo. Para isso achará na minha carteira o dinheiro que possuo. Jorge da Silva 5 de setembro de 1844”. Por ser o cadáver, presumivelmente de um homem jovem, tudo indica tratar-se de Jorge. Então, nesse ponto, o romance dá um salto de cinco anos no tempo Nessa parte, podemos encontrar uma definição interessante de José de Alencar para “negociante”, ou seja, o homem que tem por profissão gerir os seus próprios negócios. A grande surpresa só é revelada no final da história, quando a viuvinha, que se tornara a sensação dos salões da época é cortejado por um homem desconhecido, Carlos Freeland, ou seja, o próprio Jorge da Silva que “regressara” da morte, pagara todas as suas dívidas, recuperando assim o bom nome da família. A emoção fica para o capítulo final (XVI) onde Jorge da Silva revela-se, Carolina, finalmente entrega-se à paixão pelo marido, D. Maria, mãe de Carolina, ao tomar conhecimento do fato sofre um desmaio ao ver o sogro “vivo”, o casal muda-se para uma fazenda (não há referências sobre o nome) e são felizes para sempre. Este romance de Alencar, e sua principal personagem feminina, como muitos outras seguem a linha das atuais telenovelas, poderíamos também “classificar” a personagem Carlota como mais um dos perfis femininos de José de Alencar (Diva, Lucíola e Senhora) na linha clássica do Romantismo (1836 – 1881).

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