Oh sim!--rude amador de antigos sonhos, Irei pedir aos tumulos dos velhos Religioso enthusiasmo, e canto novo Hei-de tecer, que os homens do futuro Entenderão:--um canto escarnecido Pelos filhos dest' épocha mesquinha, Em que vim peregrino a vêr o mundo, E chegar a meu termo, e repousar-me Depois á sombra de um cypreste amigo.
Passa o vento os do portico da Igreja Esculpidos umbraes: correndo as naves Sussurrou, sussurrou entre as columnas De gothico lavor: no orgam do coro Veio em fim murmurar e esvaecer-se. Mas porque sôa o vento?--Está deserto, Silencioso ainda o sacro templo: Nenhuma voz humana ainda recorda Os hymnos do Senhor. A natureza Foi a primeira em celebrar seu nome Neste dia de lucto e de saudade! Trévas da quarta feira eu vos saudo! Negras paredes, velhas testemunhas De todas essas orações de mágoa, Ou esperança, ou gratidão, ou sustos, Depositados ante vós nos dias De uma crença fervente, hoje enlutadas De mais escuro dó, eu vos saudo! A loucura da cruz não morreu toda Apoz dezoito seculos!--Quem chore Do sofrimento o Heróe existe ainda. Eu chorarei--que as lagrymas são do homem-- Pelo Amigo do povo, assassinado Por tyrannos, e hypocritas, e turbas Envilecidas, barbaras, e servas.