Questionando a banalização da ideia de que "o pessoal é político", Davis mostra como os eventos que culminaram na sua prisão estavam ligados não apenas a sua ação política individual, mas a toda uma estrutura criada para criminalizar o movimento negro nos Estados Unidos. Além de um exercício de autoconhecimento da autora em seus anos de cárcere, nesta obra encontramos uma profunda reflexão sobre a condição da população negra no sistema prisional estadunidense.
Trecho da introdução
"Quando expressei minha hesitação em me dedicar a uma autobiografia, não foi por não desejar escrever sobre os acontecimentos daquela época e, sobretudo, de minha vida, mas sim porque eu não queria contribuir com a tendência já difundida de personalizar e individualizar a história. E, para ser totalmente franca, minha discrição natural fez com que me sentisse um tanto constrangida em escrever sobre mim mesma. Assim, não escrevi realmente a meu respeito. Isto é, não mensurei os eventos de minha própria vida de acordo com sua possível importância pessoal. Em vez disso, tentei utilizar o gênero autobiográfico para avaliar minha vida de acordo com o que eu considerava ser o significado político de minhas experiências. O método político de mensuração derivava de meu trabalho como ativista no movimento negro e como membro do Partido Comunista."