A genialidade de As ondas, publicado em outubro de 1931, assim como sua complexidade, foi percebida por seu primeiro leitor, Leonard Woolf, como registra Virginia em seu diÃĄrio: "'à uma obra-prima', disse L. esta manhÃŖ. 'E o melhor de seus livros. As primeiras 100 pÃĄginas sÃŖo extremamente difÃceis, & Ê duvidoso que um leitor comum vÃĄ muito longe'". Mesmo que seja um exagero de Leonard, este Ê, sem dÃēvida, um livro de difÃcil leitura. Narrativas anteriores de Virginia, ainda que rompendo com certas convençÃĩes do romance da Êpoca, seguem um esquema familiar: os personagens agem, falam, pensam, e tudo isso Ê assinalado; hÃĄ um enredo que se pode facilmente acompanhar. Isso nÃŖo estÃĄ presente em As ondas. AtravÊs de "falas" em linguagem elevada, elÃptica, literÃĄria, acompanhamos a vida de seis personagens (Bernard, Jinny, Louis, Neville, Rhoda, Susan), da infÃĸncia à velhice. Mas nÃŖo sabemos precisamente nem o tempo nem os locais em que a "açÃŖo" se passa. E, embora o livro siga uma sequÃĒncia, os eventos de cada uma de suas seçÃĩes podem ser descritos mais como instantÃĸneos do que como um contÃnuo. Mas nÃŖo desista; depois que se pega o jeito da coisa, como diz Bernard, tudo fica mais fÃĄcil. Seu tradutor, Tomaz Tadeu, nÃŖo tem dÃēvidas: "Se tivesse que escolher o melhor e mais sofisticado dentre os romances de Virginia, nÃŖo titubearia um segundo: As ondas, de longe".