Pass Christian, Mississippi, 1980. São três da manhã quando Bobby Western mergulha na escuridão do oceano. As lanternas subaquáticas revelam partes de um jato afundado, onde nove corpos ainda estão presos aos assentos. Os documentos de navegação, no entanto, desapareceram, assim como a caixa-preta. Deveria haver um décimo passageiro, mas não há sinal dele.
De volta à terra firme, Bobby segue as pistas que podem ajudá-lo a elucidar o mistério, que se torna mais intrincado à medida que ele avança. Em pouco tempo, ele é acossado por autoridades do governo e tem sua vida pessoal devassada.
O protagonista, em si, é também um mistério. Por meio da narrativa econômica e elusiva de McCarthy, mergulhamos em seu passado e conhecemos seus fantasmas: o pai foi um físico que participou do desenvolvimento da bomba de Hiroshima, e a irmã Alicia, frágil e instável, morreu de forma trágica. Ela é a única pessoa que Western realmente amou na vida, e sua ausência lhe arruína a alma.
Em O passageiro, McCarthy cria um romance impressionante sobre moral e ciência, sobre as consequências do amor desenfreado e a loucura nos desvãos da consciência.
O passageiro faz parte de um volume duplo de romances, a ser concluído com Stella Maris.
CORMAC MCCARTHY nasceu nos Estados Unidos, em 1933, e publicou seu primeiro romance em 1965. Desde então, ganhou popularidade e importantes prêmios literários, como o Pulitzer e o National Book Award. Dele, a Alfaguara publicou Onde os velhos não têm vez, que ganhou adaptação para o cinema pelos irmãos Joel e Ethan Coen, A estrada, também adaptado para o cinema em 2009, Meridiano de sangue e Todos os belos cavalos, primeiro volume da Trilogia da Fronteira. Faleceu em junho de 2023, aos 89 anos.