"A ironia de contar histÃģrias cujo tema ÃĐ contar histÃģrias ÃĐ bem invençÃĢo de Boccaccio, e o propÃģsito dessa inovaçÃĢo era livrar as narrativas do didatismo e moralismo, para que o ouvinte ou leitor, e nÃĢo o contador, se tornasse responsÃĄvel pelo seu uso, para o bem ou para o mal."
Harold Bloom, O cÃĒnone ocidental
Na Toscana assolada pela peste negra em meados do sÃĐculo XIV, dez jovens refugiam-se nas montanhas e passam os dias de forma serena, contando histÃģrias. Eis a moldura narrativa maior de Decameron (do grego, "dez dias"), obra-prima de Giovanni Boccaccio (1313-1375) que, junto com Dante Alighieri e Francesco Petrarca, compÃĩe a trÃade das grandes vozes do Renascimento italiano.
Boccaccio, porÃĐm, nÃĢo estÃĄ preocupado com dimensÃĩes divinas ou religiosas: seu tema ÃĐ a vida humana tal como ela se apresenta, e nas cem novelas contidas no Decameron vemos abordados todos os seus aspectos. Comparado com a literatura medieval, o trabalho de Boccaccio ÃĐ simplesmente revolucionÃĄrio. O tratamento realista dispensado à ideia de tempo, a tridimensionalidade dos personagens e, sobretudo, a complexidade do dia a dia, sempre problemÃĄtica e fugindo a cÃģdigos preestabelecidos, garantem a Boccaccio um lugar entre os poucos autores que sinalizam uma nova maneira de pensar e retratar a aventura humana.
A presente ediçÃĢo, com uma nova traduçÃĢo de Ivone C. Benedetti, devolve à obra de Boccaccio as ricas e multifacetadas nuances do original italiano.
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