Moradores de um apartamento em Turim, para onde Olga se mudou por conta da carreira profissional do marido, com dois filhos e um cachorro, Mario e Olga viveram mÃĄ relaçÃŖo de 15 anos com os altos e baixos de um casamento normal. Sem abalos que evidenciassem um tÊrmino repentino, Olga ouve o discurso de seu marido anunciando que ele a deixaria naquele momento. As pÃĄginas seguintes vÃŖo desnudando cenas crÃticas do passado do casal, repassadas atÊ a exaustÃŖo pela protagonista e misturadas à urgÃĒncia do seu cotidiano completamente destruÃdo.
Em Dias de abandono, Ferrante escancara a dor da rejeiçÃŖo moldada pelos sentimentos e particularidades de uma mulher. Em um corajoso e à s vezes violento mergulho existencial, Olga vai aos poucos substituindo um atormentado desejo de redençÃŖo por algo ainda desconhecido.
Antes presa a um personagem construÃdo pela sociedade e por suas prÃŗprias expectativas, ela se dÃĄ conta de que amou mais justamente quando se sentiu âenganada, humilhada e abandonadaâ. A raiva pela justificativa mentirosa do marido ao tÃĒ-la deixado, que antes parecia acender a urgÃĒncia do amor, agora o esvazia. No espaço entre esses dois pÃŗlos distintos, sem amor, dentro do nada, resta a ela saber se novos sentidos podem tomar formas na urgÃĒncia da vida.