Com tradução de Guilherme Pires e introdução de Alexandre Quintanilha
«Vingar-me-ei das injúrias que sofri: se não posso inspirar amor, causarei medo.»
Em 1816, durante uma noite de verão invulgarmente tempestuosa, Lord Byron desafia os seus companheiros de férias a compor uma história assustadora. A jovem Mary Shelley, então com dezoito anos, imagina uma monstruosa criatura, fruto da obsessão de um cientista, Victor Frankenstein, em gerar vida a partir da morte. Horrorizado com o resultado da sua experiência, Frankenstein rejeita o monstro que, incapaz de encontrar a simpatia que procura, se decide a destruí-lo e condena ambos - criador e criatura - a uma existência de errância e solidão.
Clássico pioneiro da ficção científica, Frankenstein convoca o fascínio da época pela eletricidade e pelas possibilidades que a ciência representava, oferecendo uma indagação pertinente e muitíssimo atual sobre os limites e as consequências da interferência humana na Natureza.
Mary Wollstonecraft Shelley nasceu a 30 de agosto de 1797, em Londres. Filha de William Godwin e Mary Wollstonecraft, Mary começou muito cedo a ler e a frequentar tertúlias organizadas pelo pai. Com catorze anos, foi enviada para a Escócia e no regresso a Inglaterra, Mary conheceu o jovem poeta Percy Bysshe Shelley, por quem se apaixonou. Em 1816, a partir de um desafio lançado pelo seu amigo e poeta Lord Byron, Mary tem a ideia que daria origem a Frankenstein, publicado em 1818. Nesse mesmo ano, Mary, Shelley e a sua família mudam-se para Itália. Em 1822, depois da morte de Shelley e de dois dos seus filhos, Mary regressou a Inglaterra com Percy, o único filho que sobreviveu, e até morrer, em fevereiro de 1851, dedicou-se à escrita de biografias e de romances, como Matilda e O Último Homem, à reedição de Frankenstein e à edição da obra do marido, em 4 volumes. Este último projeto valeu-lhe o epíteto de mulher de poeta, mas movimentos feministas subsequentes resgataram-na desse estatuto redutor, trazendo à luz a sua obra inovadora e notável.