A trama se desenrola sob a forma de um monólogo, onde Paulo Honório narra sua própria história. Ele é um ex-vaqueiro que, por meio de determinação e astúcia, torna-se um poderoso fazendeiro em S. Bernardo, sertão de Alagoas. Contudo, sua trajetória de ascensão social é marcada por conflitos, solidão e perda de valores humanos.
A exploração da psicologia do protagonista é um dos pontos fortes do livro. Paulo Honório é um personagem complexo, cujas ações são guiadas pela ambição desmedida e pelo desejo de controle. A narrativa revela suas vulnerabilidades e suas justificativas para as escolhas questionáveis que faz ao longo da vida. Além do aspecto psicológico, "S. Bernardo" também é uma crítica social contundente. Graciliano Ramos utiliza o cenário árido do sertão nordestino como pano de fundo para discutir as desigualdades sociais, a exploração dos trabalhadores rurais e as consequências do poder nas mãos de poucos. A linguagem seca e direta contribui para a atmosfera austera do romance. O autor utiliza um estilo conciso e objetivo para transmitir a frieza do universo de Paulo Honório e a falta de conexões emocionais em sua vida. A ausência de adornos na escrita amplifica a força das palavras e a mensagem que o autor deseja transmitir.
O desfecho da história revela as consequências de uma vida pautada pela ganância e pela ausência de valores humanos. Paulo Honório, apesar de suas conquistas materiais, percebe a solidão e o vazio de sua existência.
Graciliano Ramos, (Quebrangulo, 27 de outubro de 1892 – Rio de Janeiro, 20 de março de 1953) foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira. Ele é mais conhecido por sua obra Vidas Secas (1938).