Interseccionalidades: pioneiras do feminismo negro brasileiro

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Compilação de textos organizada por Heloisa Buarque de Hollanda e dedicada às pioneiras dos debates sobre a especificidade das relações entre gênero e raça: Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Sueli Carneiro, até hoje grandes referências desses estudos entre nós. A partir dos anos 1980, não foi possível silenciar vozes que se impunham demandas específicas, sobretudo as das mulheres negras, momento em que se destacam algumas das intelectuais mais singulares desse contexto, que fizeram da interseccionalidade um tema definitivo no debate feminista brasileiro. No contexto atual em que os estudos feministas e também o ativismo ganham espaço no país, é fundamental que os nomes dessas importantes pensadoras brasileiras afirmem seu lugar para as novas gerações, a partir do conhecimento e reconhecimento de uma atuação que entende os estudos feministas como um campo de contínua expansão, afirmação e resistência. "Movida por este momento de redescoberta do feminismo e querendo contar esta história para jovens feministas, reuni textos de nossas veteranas brasileiras – produzidos numa hora re repressão e ditadura militar – que tiveram que enfrentar compromissos políticos nem sempre desejáveis, preconceitos machistas dos intelectuais e dificuldades em sua inserção acadêmica. Enfim, mesmo assim o pensamento feminista conseguiu emergir e se consolidar como área legítima de conhecimento" Heloisa Buarque de Hollanda. Parte do livro "Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto".

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À propos de l'auteur

Beatriz Nascimento (Aracaju, 1942 – Rio de Janeiro, 1995). Formada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passou a atuar logo após a graduação como professora de História da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. Paralelamente, engajou-se na militân- cia negra, propondo discussões raciais sobretudo no meio acadêmico. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde cursou pós-graduação lato sensu em História, ajudou a criar o Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, e, no ano seguinte, o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras. Como conferencista, participou de inúmeros simpósios e encontros em diversas instituições do país. Morreu aos 52 anos, assassinada pelo par-ceiro de uma amiga, a qual ajudou por ser vítima de violência doméstica – à época, cursava mestrado em Comunicação Social na UFRJ. Entre as suas obras estão diversos ensaios e estudos sobre a questão racial e da mulher no Brasil, além de produção poética e o roteiro do documentário Ôrí, em que registra os movimentos negros entre 1977 e 1988, articulando a relação entre Brasil, África e sua história pessoal. Lélia Gonzalez (Belo Horizonte, 1935 – Rio de Janeiro, 1994). Foi antropóloga, professora e política brasileira. Formada em história e em filosofia, pela Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atual Uerj, aprofundou seus estudos nas áreas da antropologia, sociologia, literatura, psicanálise e cultura brasileira, com mestrado em Comunicação Social e doutorado em Antropologia Política pela Universidade de São Paulo (USP). Também se dedicou aos estudos da ciência, cultura e história africanas. Atuou como professora no ensino médio e superior, tendo atuando como diretora do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Militante ativa dos movimentos negros e feministas dos anos 1970 e 1980, ajudou a fundar o Movimento Negro Unificado (MNU); o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ); o Nzinga, Coletivo de Mulheres Negras; e o Olodum (Salvador). Participou da primeira composição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), de 1985 a 1989, criado para atender às demandas do movimento feminista, buscando a criação de políticas públicas para as mulheres. Sueli Carneiro Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), é filósofa, educadora, escritora e uma das principais autoras do feminismo negro no país. Foi uma das ativistas do movimento negro responsável pela inclusão de mulheres negras no Conselho Estadual da Con- dição Feminina de São Paulo, na época de sua fundação, em 1983, quando teve início seu engajamento com o feminismo. Em 1988, fundou a Geledés – Instituto da Mulher Negra, primeira organização negra e feminista de São Paulo, da qual é diretora. Foi integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher no final da década de 1980. É autora de livros como Mulher negra: política governamental e a mulher (1985) com Thereza Santos Alber- tina de Oliveira Costa; e Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (2011). Em 2003, recebeu o prêmio Bertha Lutz, concedido pelo Senado Federal. Heloisa Buarque de Hollanda: Formada em Letras Clássicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é mestre e doutora em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Univer-sidade de Columbia, Estados Unidos. É professora emérita da Escola de Comunicação da UFRJ, dedicada aos estudos culturais, com ênfase nas teorias críticas da cultura, tendo ainda importante atuação como crítica literária, ensaísta, antologista e editora.

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