Com sólida carreira acadêmica e diplomática, Kishore Mahbubani avalia os dois lados do embate e mostra como a China tem pensado em escala global, lançando iniciativas ambiciosas junto aos líderes mais pragmáticos e competentes do mundo. A sociedade chinesa, repleta de inovação e dinamismo, recuperou sua confiança cultural. Enquanto isso, os Estados Unidos viram seu modelo econômico ser seriamente prejudicado pela crise financeira de 2008; na concepção de muitos, não são mais a grande potência, mas um adversário estagnado. Em qualquer grande competição geopolítica, a parte que consegue permanecer racional e serena sempre terá vantagem sobre a parte movida por emoções, conscientes ou não. A ascensão global da China e o declínio estratégico dos EUA representam um desafio político que os americanos nunca enfrentaram antes.
Nos últimos quarenta anos, a China viveu o maior crescimento econômico da história enquanto seus maiores rivais ficaram no piloto automático, acreditando que se manteriam como número um para sempre. A grande disputa geopolítica do século XXI já começou e vai continuar por mais uma ou duas décadas. A guerra comercial estourou. A humanidade precisa urgentemente que essas duas potências cooperem, mas o atrito permanente parece mais provável. E o maior erro estratégico dos EUA foi presumir que, não importa o que acontecesse, estariam na liderança mundial.
Kishore Mahbubani é mundialmente reconhecido como o principal intelectual público da Ásia, renomado membro do Asia Research Institute, Universidade Nacional de Cingapura. Ele teve duas carreiras distintas: 33 anos na diplomacia, e quinze na academia, quando foi reitor da Lee Kuan Yew School of Public Policy. Morou em Nova York por mais de dez anos como embaixador de Cingapura na ONU. Em 2019, foi eleito para a Academia Americana de Artes e Ciências. É autor de vários livros, entre os quais Can Asians Think?, Has the West Lost It?, The New Asian Hemisphere, The Great Convergence e Beyond the Age of Innocence. Reside em Cingapura.