Diante desse processo de decadência, Alex passa a viver de suas recordações, das memórias de seu primeiro amor – um relacionamento delicado com uma mulher bem mais velha do que ele, mãe de seu melhor amigo – e de sua filha, que tirou a própria vida após sofrer por anos de um mal muito próximo à esquizofrenia. Alex mostra ser um homem dilacerado por medos, ansiedades, rancores amargos, embora seja também capaz de tiradas brilhantes e dotado de um olho sensível à beleza do mundo, ou à sua ausência.
O romance é marcado pelos traços característicos do texto de Banville, cheios de jogos de linguagem e enredos complexos. Segundo o escritor argentino Rodrigo Frésan, amigo de Banville e motivador de Luz antiga (Frésan chega mesmo a aparecer de modo cifrado como personagem do romance): “lemos Banville para lembrar o que é ler afinal: ler Banville é descobrir que podemos falar o melhor dos idiomas”.