Último romance escrito por Machado de Assis, Memorial de Aires foi publicado em 1908, ano da morte do autor. Intimista e atento aos detalhes do cotidiano, conta múltiplas histórias de personagens diversos em idade e classe social, constituindo um caleidoscópio que se modifica a cada leitura.
Composta em forma de diário, a obra abarca os anos de 1888 e 1889 — absolutamente centrais para a história do Brasil — da vida do diplomata aposentado José da Costa Marcondes Aires e de seu círculo de relações.
Aqui, o conselheiro Aires, personagem que já aparecera em Esaú e Jacó, compartilha com o autor a condição de viuvez. Ao tratar da velhice e da solidão, Machado de Assis constrói um livro que, apesar de parecer discreto, tem fundo irremediavelmente complexo e ambíguo e dá testemunho da violência presente na realidade social brasileira.
Introdução, estabelecimento de texto e notas de Marta de Senna e Marcelo Diego.
MACHADO DE ASSIS nasceu em 1839, no Rio de Janeiro. Seu pai era neto de escravos; sua mãe era açoriana. Começou a publicar poesia aos quinze anos e com dezesseis entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1864, sua primeira coletânea de histórias curtas saiu em 1870 e dois anos depois veio a lume o primeiro romance. Em 1897, foi eleito presidente da Academia Brasileira de Letras, instituição que ajudara a fundar. Morreu em 1908, aos 69 anos.