Personalidade Criativa

Esse processo de conhecimento é guiado por duas realidades fundamentais: o Eu e o Não-Eu. O Eu é considerado o conhecedor, enquanto o Não-Eu engloba tudo o que está além da consciência individual, como a matéria, as forças e as atividades que formam o universo. A partir dessa divisão, o ser humano emerge como um desdobramento consciente de um princípio psíquico que se manifesta em formas variadas de vida, energia e matéria, sendo o ápice dessa manifestação a consciência humana.  

A Realidade Fundamental, a fonte de todas as existências, é vista como infinita, indivisível e autoexistente. Manifestando-se de maneira diversa, essa Realidade é a origem de todas as coisas e sustenta o universo em sua complexa harmonia. O texto argumenta que, embora as manifestações fenomenais, como matéria e energia, sejam diversas, elas são todas interligadas por um Fundamento comum e essencial, que mantém a unidade no cosmos.  

Ao explorar a relação entre o espírito e a matéria, o texto rejeita a ideia de uma substância universal que subjaz a todas as coisas, enfatizando, no entanto, a necessidade de uma causa fundamental que sustente as diversas formas de existência. A matéria e as forças que conhecemos não podem ser vistas como explicações finais para a realidade; elas são fenômenos que indicam a presença de um princípio subjacente, um Fundamento que é a causa primeira e a razão última para o universo como o conhecemos.  

O ser humano, como o clímax dessa evolução, reflete a manifestação plena da Realidade Fundamental. A matéria, embora essencial ao corpo e à mente, é apenas um veículo através do qual a Realidade se expressa. A consciência humana, a capacidade de autopercepção e autodireção, é vista como a forma mais elevada de manifestação dessa Realidade, permitindo que o ser humano se desenvolva de forma contínua, transcendentemente. 

Nesse processo de evolução, a individualidade se manifesta de maneira única em cada pessoa, pois cada ser humano é uma expressão distinta da Realidade. A individualidade, longe de ser um ato de separação, reflete a liberdade essencial do ser, que é capaz de se autodirigir, adaptando-se ao ambiente de maneira a alcançar sua própria realização. Este processo de desdobramento não é apenas físico, mas psíquico, e busca a harmonia entre o eu interno e o universo externo.  

A realização humana, portanto, não reside em se submeter a uma realidade externa ou imposta, mas em exercer o poder de autodireção, em viver de acordo com os princípios que governam a unidade do ser e do universo. A psicologia, neste contexto, torna-se não só uma ciência da mente, mas ainda uma prática que ajuda o ser humano a compreender sua posição no cosmos e a viver em harmonia com as leis universais. A liberdade e a felicidade só são alcançadas quando a pessoa se alinha com a totalidade da Realidade, reconhecendo que sua evolução é parte de um processo infinito de desenvolvimento e manifestação da natureza essencial de todas as coisas.  

A.R.Ribeiro. 

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