A fazenda S. Bernardo, em Viçosa, Alagoas, se torna propriedade de Paulo Honório, sujeito cascudo e grosseiro que narra este romance. Sua trajetória nessas terras se inicia como humilde funcionário e é transformada, anos depois, quando ele as adquire de seu ex-patrão. A passagem de empregado a empregador reverbera enormemente no narrador, que passa a ver tudo e todos à sua volta pela ótica da divisão do trabalho — inclusive este livro.
Em texto de 1946, reproduzido nesta edição, Graciliano Ramos afirma sobre o protagonista: "um criminoso, resumo de certos proprietários rijos existentes no Nordeste. [...] um tipo vermelho, cabeludo, violento, de mãos duras, sujas de terra como raízes, habituadas a esbofetear caboclos na lavoura". Relato de um homem ambicioso, S. Bernardo é o retrato da desigualdade econômica e social de um país onde a posse da terra significa poder absoluto.
A edição conta com estabelecimento de texto de Ieda Lebensztayn, crítica literária e doutora em literatura brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), e posfácio de Paulo Massey, professor e doutorando em sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFCE).
GRACILIANO RAMOS nasceu em 1892 em Quebrangulo, Alagoas. Primogênito de dezesseis filhos, viveu com a família em diferentes cidades do Nordeste brasileiro. Foi prefeito de Palmeira dos Índios (AL) entre 1928 e 1930. É o autor de grandes clássicos da literatura brasileira, como Caetés (1933), S. Bernardo (1934), Angústia (1936, ano em que foi preso por suposto envolvimento com a Intentona Comunista), Vidas secas (1938) e outros. Morreu em 1953, aos sessenta anos, no Rio de Janeiro.