João Calvino foi um influente teólogo e reformador protestante cuja teologia e práticas rigorosas dominaram a cidade de Genebra. Calvino era conhecido por sua estrita adesão à doutrina e por sua intolerância a qualquer forma de dissidência. Sébastien Castellio, por outro lado, era um humanista e teólogo que defendia a liberdade de consciência e a tolerância religiosa. O livro centra-se no caso de Michael Servetus, um médico e teólogo espanhol que foi condenado à morte por heresia sob a autoridade de Calvino. Servetus foi queimado na fogueira em 1553 por suas visões antitrinitárias. Este evento se tornou o ponto de partida para o confronto entre Castellio e Calvino.
Castellio, horrorizado pela execução de Servetus, escreveu obras e cartas condenando a intolerância e a violência de Calvino. Ele argumentava que a coerção religiosa e a perseguição eram contrárias ao verdadeiro espírito do cristianismo. A famosa frase atribuída a Castellio, “Matar um homem não é defender uma doutrina, é matar um homem”, sintetiza sua posição sobre a liberdade de consciência e a intolerância.
Stefan Zweig aborda o tema com sua característica sensibilidade e habilidade narrativa, transformando uma disputa teológica em uma luta dramática entre dois modos de pensar. Através de sua escrita, Zweig destaca a importância da liberdade de pensamento e da tolerância, valores que ele considerava essenciais, especialmente em um período marcado pelo totalitarismo crescente na Europa.
“Castellio contra Calvino” é mais do que uma biografia; é uma reflexão profunda sobre a liberdade de consciência, a intolerância religiosa e os perigos do fanatismo. Zweig usa o confronto histórico para lançar luz sobre questões que eram extremamente relevantes em seu tempo e que continuam a ser importantes hoje. A obra serve como um poderoso lembrete da importância de defender a liberdade de pensamento contra qualquer forma de opressão. Stefan Zweig oferece uma análise lúcida e apaixonada de um dos grandes conflitos morais da história europeia. Ele apresenta Castellio como um herói da liberdade de consciência, cuja coragem em enfrentar um poder autoritário permanece um exemplo inspirador. O livro é uma leitura essencial para aqueles interessados em história, teologia e direitos humanos.
Versão bilíngue: Original Alemão e tradução moderna.
Stefan Zweig (Viena, 28 de novembro de 1881 – Petrópolis, 22 de fevereiro de 1942) foi um escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica. A partir da década de 1920, e até sua morte, foi um dos escritores mais famosos e vendidos do mundo. Suicidou-se durante seu exílio no Brasil, deprimido com a expansão da barbárie nazista pela Europa durante a Segunda Guerra Mundial.