Vidas secas + S. Bernardo

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Dois grandes clássicos de um dos maiores escritores do Brasil reunidos em um só volume


As obras de Graciliano Ramos, de forma geral, são marcadas por um pessimismo profundo em relação ao homem. Expoente do chamado Segundo Modernismo, ou Modernismo de 30 – cujos autores compreendiam que os problemas sociais brasileiros eram estruturais –, ele cria situações em que as personagens se veem sempre em constantes inquietações quanto às questões da existência humana. 

Repleta de análises psicológicas e escritas em uma linguagem rigorosa, concisa e sem floreios, a literatura de Graciliano é realista e engajada. Privilegia os problemas do trabalhador rural, a seca nordestina, a miséria e os dilemas enfrentados pelo ser humano em sua relação com o meio hostil, cujas condições sociais não oferecem solução.

S. Bernardo é seu segundo romance, publicado em 1934. A obra conta as memórias do anti-herói Paulo Honório, um homem ambicioso que, de guia de um menino cego e vendedor de cocadas, acaba por se transformar num grande fazendeiro do sertão de Alagoas, de posse da fazenda S. Bernardo, onde derramou seu suor durante a juventude. Autoritário, bruto e incapaz de lidar com seus funcionários e com a esposa Madalena, vê-se cada vez mais isolado e amargurado, numa contundente denúncia da condição socioeconômica exploratória sob o capital e o latifúndio.

Sua obra-prima Vidas secas, lançado em 1938, tornou-se um clássico por excelência. Há algumas razões para isso. Primeiramente, ao tratar da miséria de uma família que foge exaustiva e periodicamente da seca em busca de terras onde possam sobreviver, o texto trata do sofrimento humano, inerente a cada um de nós. Segundo, o autor estava intimamente familiarizado com o sofrimento daquele povo e com a paisagem local; por fim, pela genialidade e sensibilidade com que a obra foi escrita, inquestionavelmente alçando Graciliano ao patamar dos maiores escritores do Brasil e do mundo.

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關於作者

Graciliano Ramos nasceu em 1892, na cidade de Quebrangulo, em Alagoas. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século, então no Rio de Janeiro, retornando para o Nordeste em 1915, devido a uma tragédia familiar em que perdeu quatro irmãos, vítimas de peste bubônica. 

Fixou-se na cidade de Palmeira dos Índios, onde casou-se, e em 1927, foi eleito prefeito, cargo que exerceu por dois anos. Após publicar seus dois primeiros romances, Caetés (1933) e S. Bernardo (1934), foi preso, em 1936, sob a alegação de que seria comunista, passando por várias prisões, em Maceió e Recife. Seguiu no porão de um navio para o Rio de Janeiro, onde ficou quase um ano na cadeia. Seu drama e dos companheiros de cadeia seriam relatados em Memórias do cárcere, publicado postumamente em 1953. Em agosto de 1936, ainda na prisão, publicou seu terceiro romance Angústia. Mas é em 1938 que o autor escreve o livro que se tornaria sua obra-prima: Vidas secas, seu quarto e último romance. 

Morreu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 30 de março de 1953, aos 60 anos.

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