No câncer, as células se multiplicam de forma autônoma, sem nenhum tipo de controle, atingindo de maneira irregular os tecidos locais ou vizinhos, causando metástases e, consequentemente, elevados índices de morbimortalidade. O câncer pode ser definido como a perda de controle de um sistema organizado, onde células são alteradas, perdendo-se o programa de apoptose ou "morte celular" resultando nessa doença.
Epidemiologicamente, o câncer é uma das principais causas de morte no mundo. No ano de 2018, foram apresentados 18,1 milhões de casos e 9,5 milhões de óbitos. Diante dos altos números que se projetam para o futuro com relação ao câncer, alternativas terapêuticas devem ser desenvolvidas que permitam minimizar o crescimento tumoral, bem como os efeitos adversos das quimioterapias que levam a um menor risco à vida do paciente. Atualmente não existem medicamentos específicos para inibir o crescimento do tumor ou o controle absoluto da dor em pacientes com câncer terminal.
Graças à pesquisa científica moderna, o papel antitumoral do sistema endocanabinóide nas doenças do câncer foi estabelecido, bem como o alívio de outros sintomas com os tratamentos convencionais. O sistema endocanabinóide tem atividade modulatória emergente sobre proteínas e fatores nucleares que regulam a proliferação, diferenciação e sobrevivência celular. Portanto, é possível pensar que esse sistema está envolvido no controle de processos homeostáticos fundamentais e na transformação neoplásica. Canabinóides e endocanabinóides naturais, bem como agonistas CB1 sintéticos e outras moléculas que exibem atividade canabinóide agonista indireta, como transporte de endocanabinóides e inibidores da degradação de canabinóides, mostraram limitar o crescimento tumoral e a progressão de vários tipos de câncer devido à inibição da motilidade celular. Estes incluem tumores linfóides, tireóide, mama, próstata, pele, glioma, glioblastoma e leucemia.
À medida que é explorado na literatura científica, torna-se cada vez mais claro que o sistema endocanabinoide está intimamente relacionado a elementos que retardam a progressão das células cancerígenas. Além disso, são-lhe atribuídas outras propriedades benéficas para este tipo de pacientes, tendo em consideração alguns efeitos dos canabinóides como ansiolítico, anti-inflamatório, antiemético, efeito regulador do sono e outros.
Portanto, o uso da cannabis medicinal surge como uma excelente alternativa terapêutica como coadjuvante no manejo e tratamento da doença oncológica, posicionando-se no futuro como uma das alternativas mais eficazes e seguras para deter a progressão desta doença. Assim, neste texto elaborado pela Pharmacology University, estudam-se os mecanismos fisiopatológicos do câncer, seus estágios e as formas como o sistema endocanabinóide atua para interromper sua progressão e os benefícios que sua administração pode ter na melhora clínica dos pacientes.