Único romance de Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias (1854) foi publicado no auge do Romantismo, mas se distanciou dos traços idealizados e sentimentalistas que prevaleciam na época.
Com estilo objetivo e realista, semelhante ao das crônicas históricas e de costumes, a obra destaca a população anônima das ruas do Rio de Janeiro nos tempos de D. João VI, sobretudo das zonas pobres da cidade, e ironiza regras, vícios e atitudes amorais da sociedade no início do século XIX.
Nestas Memórias, um narrador onisciente relata com humor e dinamismo os esforços do personagem Leonardo para sobreviver e driblar as adversidades de sua condição social. Ao se deixar levar pela esperteza, pelas mentiras e pelas confusões e aproveitando-se dos episódios de sorte que tem na vida, o anti-herói Leonardo, “filho de uma pisadela e de um beliscão”, torna-se o primeiro grande malandro da literatura nacional.