Em "Sonhos", Henri Bergson se propõe a explorar e elucidar os enigmas que envolvem o mundo dos sonhos. Originário de uma época onde o estudo dos sonhos era, em sua maioria, relegado ao domínio das superstições e charlatanismos, este trabalho lança uma luz sobre o assunto, apresentando sua perspectiva filosófica e psicológica. Bergson argumenta que sonhar não é meramente um ato passivo, mas uma janela para o inconsciente. Ao adotar a ideia de que a mente pode acessar um repositório de memórias que têm "vida e propósito próprios", ele desafia a noção tradicional de sonhar. Em suas palavras, os sonhos são a válvula de escape das memórias, pressurizadas como vapor em uma caldeira.
Além de sua teoria central, Bergson reflete sobre 1) a conexão entre sonhos e percepção; 2) o conceito de sono como um estado de desinteresse; 3) a ideia de diferentes graus de tensão do "self"; e 4) a relação entre cérebro e mente e como ela molda nossas experiências oníricas.
No contexto do fervor renovado pelo estudo dos sonhos no início do século XX, impulsionado em parte pelos trabalhos de Freud e outros, o ensaio de Bergson representa uma abordagem equilibrada e iluminada, distante das extravagâncias e polêmicas de algumas teorias contemporâneas. Uma obra indispensável para estudiosos, psicólogos e todos aqueles interessados em entender a complexa tapeçaria de nossa psique.