«Uma manhã, ao acordar de sonhos inquietos, Gregor Samsa deu por si transformado num bicharoco monstruoso.»
A história absurda e desconcertante de um homem banal que acorda um dia metamorfoseado num animal grotesco e que tenta, como pode, adaptar-se à sua nova realidade, é um texto transformador para quem o lê.
A magistral sobriedade e precisão das palavras de Franz Kafka abrem as portas a uma multiplicidade de leituras, da política à psicanalítica, e provocam no leitor uma inigualável, quase violenta, sensação de desespero. Trazendo o pesadelo para a vigília, o humor para a tragédia, a razão para o absurdo, Kafka expõe, através de uma obra metafórica, um complexo sistema opressivo de alienação e desilusão perante o futuro incerto. Nesse processo, coloca o ser humano em confronto com o que de mais visceral existe dentro de si.
A Metamorfose permanece, desde o ano da sua publicação, em 1915, um dos livros mais enigmáticos da história da literatura, e, por isso mesmo, um dos mais lidos, estudados e discutidos de sempre.
Franz Kafka nasceu em Praga, capital do antigo império Austro-Húngaro, em 1883. Formado em Direito, empregou-se numa companhia de seguros, trabalho que afirmava detestar, mas que lhe permitia subsistir e dedicar-se à escrita. Em vida, viu apenas sete livros seus publicados, entre os quais A Metamorfose, em 1915. Em 1917 é-lhe diagnosticada a doença que viria a vitimá-lo em 1924: tuberculose. Kafka legou os direitos autorais da sua obra ao amigo Max Brod, com instruções explícitas para que todos os seus escritos fossem queimados após a sua morte. Max Brod ignorou esta ordem e, entre 1925 e 1935, dá ao prelo a obra completa de Franz Kafka, onde se incluem alguns dos romances e contos mais influentes de toda a literatura do século XX.