"Um dia em que atravessava da Lisboa árabe para
a Lisboa romana, da Alfama para o Castelo, não sei como passei pelo
sítio onde existiu o Convento dos Bons Homens de Vilar ou Cónegos do
Evangelista, e parei a examiná-lo. O meu exame foi demorado e
consciencioso, como se costuma dizer nos dois lugares onde raro entra a
consciência – nas câmaras legislativas e na imprensa política. Todas as
indagações que fiz para descobrir algum vestígio do edifício primitivo,
cuja origem o leitor verá no primeiro capítulo desta história, foram,
porém, baldadas: os loios (assim lhes chamava o povo) tinham
transformado o antigo colégio do bispo D. Domingos Jardo, em sumptuoso
convento, de cuja grandeza se pode formar cabal ideia lançando os olhos
para a estampa de Lisboa publicada na "Viagem a Portugal de Filipe II",
escrita pelo cronista Lavanha. Veio depois o terremoto e converteu tudo
em ruínas. Nestas se aninhou, passado meio século, a Guarda Real da
Polícia e, por morte desta, a sua sucessora e herdeira, a Guarda
Municipal.