Nas últimas semanas de 1889, a tripulação de um navio de guerra brasileira ancorado no porto de Colombo, capital do Ceilão (atual Sri Lanka), foi pega de surpresa pelas notícias alarmantes que chegavam do outro lado do mundo. O Brasil finalmente havia se tornado uma república.
Com 67 anos de história, o império brasileiro, tido como a mais sólida, estável e duradoura experiência de governo na América Latina, desabou na manhã de 15 de novembro. O admirado imperador Pedro II, um dos homens mais cultos da época, que ocupou o trono por quase meio século, foi obrigado a sair do país junto com toda a família imperial. Vivia agora exilado na Europa, banido pra sempre da terra em que nasceu.
Enquanto isso, os destinos do novo regime estavam nas mãos de um marechal já idoso e bastante doente, o alagoano Manoel Deodoro da Fonseca, considerado até então um monarquista convicto e amigo do imperador deposto. Assim, o Brasil inaugurou uma peculiar república sem povo.
A distância entre os sonhos e a realidade brasileira da época é o pano de fundo dos capítulos que compõem esta obra, que fecha a trilogia iniciada com 1808, sobre a fuga da família real para o Rio de Janeiro, seguida por 1822, sobre a Independência do Brasil. Somados, os dois livros venderam mais de 1,5 milhão de exemplares no Brasil e ganharam quatro prêmios Jabuti, o mais prestigiado da literatura brasileira.
Com 24 capítulos e ricamente ilustrado, 1889 contribui para a compreensão de um dos períodos mais controversos da história do país, em um relato cativante que explica não só os acontecimentos que levaram à queda da monarquia, mas também outros episódios importantes da história brasileira como a Guerra do Paraguai e o movimento abolicionista.