Há cerca de 3 meses, eu estava frequentando um curso livre de jornalismo na ECA/USP, na capital paulista, quando um palestrante abordou o tema eleições. Fa- lou sobre o sistema eleitoral brasileiro, forneceu alguns dados e confidenciou uma e outra situação constrangedora que ele já presenciou nos bastidores das campanhas. A conversa, então, se estendeu para assuntos ainda mais densos, como corrupção, compra de votos e, principalmente, da baixa participação dos brasileiros na vida polí- tica do país. Foi quando ele comentou sobre o trabalho de conscientização realizado em outros países, especialmente na Europa. Segundo ele, em uma escola da Alemanha que ele visitou, as crianças adquirem desde muito cedo o entendimento sobre direitos e deveres a partir de atividades simples, como a escolha de um mascote. Assim, elas se desenvolvem com essa sementinha já plantada e, quando adultas, passam a atuar ativamente nas decisões de interesse público. Algo natural por lá... Saí da aula chateada com a situação tão oposta vivida em nosso país. Mas re- clamar apenas não adianta; é preciso fazer muito mais! Afinal, toda grande mudança começa com pequenas atitudes. E eu, como editora de revistas de educação, poderia contribuir diretamente para a construção de um Brasil mais consciente. Foi o que fiz! Nesta edição de Projetos Escolares Ensino Fundamental, por exemplo, solici- tamos à educadora Cristiane Boneto que elaborasse com exclusividade um projeto de educação política na escola. Promover uma campanha para a escolha dos repre- sentantes de classe, realizar debates sobre os problemas enfrentados pelos alunos e buscar soluções coletivas e individuais para eles são algumas das atividades que exploram a questão de direitos e deveres e ajudam a formar novos cidadãos. De todo modo, vale destacar que a transformação não terá efeito imediato, mas ajudará a desenvolver uma nova geração de brasileiros, profissionais e eleitores. As- sim, é preciso que os professores e a diretoria da escola também abracem esse tipo de iniciativa (apartidária!) e desenvolva outros projetos com esse foco. Caso contrário, o movimento perderá força, e a situação se perpetuará. Por isso, a família Projetos Escolares continuará a ser um grande parceiro nessa empreitada. Conte conosco!