Quantas vezes você se lembra de um momento em que, durante a infância, um familiar sentou-se ao seu lado, abriu um livro e contou uma fábula? Ou, então, que alguém próximo relatou uma história que tenha vivenciado? Essas são lembranças recorrentes para a maioria das pessoas e, apesar de corriqueiras, descrevem um importante laço que deve ser estabelecido com as crianças logo nos primeiros anos de vida: a tradição familiar. Mais do que um mero conceito presente no dicionário – segundo o Houaiss, tradição “consiste na herança cultural, no legado de crenças e no conjunto de valores morais e espirituais transmitidos de uma geração para outra” –, o ato de um adulto dedicar certo tempo para relatar a uma criança histórias infantis ou fazê-la participar dos fatos familiares já ocorridos é um estímulo ao desenvolvimento da cidadania, da afetividade e do respeito. Afinal, um indivíduo sem histórias torna-se alguém vazio no futuro. Para ressaltar o quanto essa interação entre adulto e criança é fundamental, nesta edição da Projetos Escolares apresentamos uma entrevista exclusiva com Joyce Campos Kornbluh, neta de um dos grandes autores da literatura infantil brasileira: Monteiro Lobato. Em um divertido bate-papo, ela relata alguns momentos da convivência com seu avô, ressalta a importância da tradição familiar para a formação do caráter infantil e explica como a dedicação aos filhos deve ocorrer para que a educação transcenda os muros da escola e se torne plena. Para aprofundar essa temática, publicamos, também, uma matéria especial sobre o Dia das Crianças. Nela, você aprenderá como, a partir de uma brincadeira tradicional – a amarelinha –, é possível desenvolver o interesse pela opinião dos colegas e estimular a invenção de novas regras. Com essa “atenção especial” ao lúdico, mais do que contribuir para a formação de cidadãos realizados e completos, você contribuirá para que um dos princípios fundamentais da Declaração dos Direitos das Crianças seja cumprido: o de que a criança deve, sempre que possível, crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material.